Nas estações quentes e chuvosas aumentam as ocorrências de acidentes com cobras já que esses animais saem mais das tocas durante esse período. Em nosso país, existem várias espécies de cobras venenosas, porém apenas algumas provocam acidentes com maior freqüência. Entre elas podemos citar as cascavéis, corais, surucucus e as jararacas que são responsáveis por 90% dos acidentes.

Os cães se envolvem mais em acidentes ofídicos quando comparados com os gatos. Isso ocorre pois o cão é mais curioso e se aproxima das cobras com mais facilidade. Por isso as picadas geralmente ocorrem na região do focinho, peito e pescoço do animal.

Os sintomas apresentados por um animal picado pode variar de acordo com a quantidade de veneno que foi injetado. De forma geral, como a picada é muito dolorosa, os animais vão manifestar sintomas de dor. Se a picada ocorrer em algum membro, normalmente o animal vai relutar em apoiar esse membro no chão. Além disso, muitas vezes conseguimos ver os furos causados pela marca dos dentes da cobra na pele do cão. A região pode inchar e a pele tornar-se arroxeada. Os pêlos podem começar a descolar. Alguns animais podem entrar em choque quando for grande a quantidade de veneno injetado. Como uma alteração mais tardia, poderá ocorrer necrose da pela próxima ao local da picada. Quando a mordida for próximo a região do pescoço, o edema local formado poderá dificultar a respiração.

É importante conseguir um atendimento especializado o mais rápido possível. É indispensável que o animal receba o tratamento com soro antiofídico além de outros cuidados médicos como soroterapia e antibioticoterapia. Até que se consiga o atendimento de um médico veterinário é importante seguir algumas orientações. É importante manter o animal calmo e o mais quieto possível para não agravar os efeitos do veneno. Se o animal permitir, lave o local da picada com água e sabão. Uma bolsa de gelo pode ser colocada sobre o local da picada para tentar diminuir o edema e aliviar um pouco da dor. Animais em choque devem ser mantidos aquecidos até que recebam atendimento especializado.

É indispensável receber atendimento veterinário pois mesmo que o animal não apresente sintomas graves ao ser picado, existem danos que ocorrem mais tardiamente como a necrose do local onde o animal foi mordido além de insuficiência renal podendo ocorrer a falência do órgão ocasionado a morte do animal.
Nunca devemos cortar o local da picada na tentativa de remover o veneno. Isso porque, alguns venenos como o da jararaca, por exemplo, causam hemorragia. Quando cortamos a pele podemos causar uma hemorragia grave piorando o quadro clinico do animal. O torniquete também não deve ser usado. Fazendo o torniquete, a alta concentração de veneno no local da picada pode causar gangrena inclusive podendo ocasionar a perda do membro. Também não devemos tentar sugar o veneno do local da picada. Além de ser muito difícil conseguir retirar o veneno por esse método, é extremamente perigoso para quem o faz. Caso a pessoa tenha carie ou alguma ferida na boca, ela poderá se infectar também.

Devemos preservar os predadores naturais das cobras. Animais como as emas, gansos, seriemas, gaviões, gambás e a cobra Muçurana são exemplos de predadores naturais das cobras venenosas. Devemos combater os ratos, pois as cobras alimentam-se deles. Manter os terrenos e quintais limpos também ajuda a manter as cobras afastadas.
Coloque os sacos de ração em locais altos ou em recipientes bem fechados. Desmatamentos e queimadas devem ser evitados. Além de destruir a natureza, provocam mudanças de hábitos dos animais, que se refugiam em paióis, celeiros, se aproximando cada vez mais das casas, dos seres humanos e dos nossos animais de estimação.

Tanto o animal como o ser humano pode sobreviver a um acidente com cobras, desde que medicados à tempo. Ninguém se torna imune ao veneno após ser picado e sobreviver, ou após receber o soro. Por isso, procure ajuda médica o mais rápido possível e mantenha o ambiente o mais limpo possível para tentar manter a s cobras afastadas.

Dra. Vanessa Mollica C.Teixeira
Médica veterinária – UFV
Especialização em clínica e cirurgia – UFV
Mestrado em cirurgia – Unesp – Jaboticabal